Favela Vive 4

6 views

Lyrics

L-O-R-D, favela vive
 Pra começar com todo o amor do mundo
 Hoje eu acordei no puro ódio
 Muita fé pros cria, pá, e aí, visão
 São vários no crime, eram pra estar no pódio
 Gatilho, várias mãe aqui ficou sem filho
 Tentando sair do mais baixo andar do poço
 Pra nóis deram 600 reais de auxílio
 Bala na cabeça ou joelho no pescoço
 Quantos aqui recorre a isso?
 Portando Glockada, boca de fumo é serviço
 Sem pedir esmola que eu nunca vi lucro nisso
 Nóis pede comida e eles querem julgar nisso
 14 anos, preta é a cor da sua pele
 Some da sua casa, aparece no IML
 Nesse momento, eu ouço uma voz me dizendo
 Foi fulano, foi beltrano, mas podia ser Guilherme
 Pro favelado sobra isso
 E pela família é que se ignora o vírus
 Sem o privilégio do safado que dá o papo no polícia
 Que ele é macho na favela e bosta no Alphaville
 Você me pergunta: De onde vem tanta raiva?
 É do descaso da patroa com o filho da empregada
 Tratamento diferenciado e liberado
 Aí o preço pago é 20.000 na vida favelada
 Os que comemora a morte, esses cara é sinistro
 Chora se o bonde abateu o helicóptero
 Burguês safado que nunca se misturou
 Nasce rico e acha que alguém inveja sua cor
 Nove jovens mortos num baile em Paraisópolis
 Pobre não tem nem direito de ser feliz
 Tu não é um cara igual meu mano Rogério Soares
 Tu nem reconhece mais as próprias cicatriz
 Mas nóis palmeia tudo daqui
 Acende o balão, pé no chão, bem plantado aqui
 São tantas covardia que eu nem me surpreendi
 Se pra nossas doenças sempre disseram: E daí?
 E quando acabar essa canetada
 A bala vai comer, alguém aqui vai sorrir, alguém aqui vai chorar
 E gritar: Favela Vive
 Ou: Eu não consigo respirar
 Eu ouço tiros e 12 por um, sirenes e latidos de cachorro
 Deus, nunca vi finalidade dessa guerra burra que rola no morro
 A nossa revolta você só vai entender
 Quando uma bala perdida simplesmente achar você
 Me perguntaram um dia o quê que eu acho da UPP
 A maior covardia que o governo foi fazer
 Só me diz pra quê? Melhorou o quê?
 Mudou o quê? Quero saber
 Tem alguém aê pra me responder? Será que ninguém vê?
 Pelo amor de Deus, mais quantos vão morrer?
 E minha filha, criança ainda
 Traumatizada, acordou chorando e veio correndo pros meus braço
 Playboy não sabe o quê que é um tiro de fuzil na hora da troca
 Atravessando a janela do seu quarto
 O povo aqui em cima pede socorro
 Indignado quando a bala come
 Eles têm grana pra guerra no morro
 Mas nunca consegue acabar com a fome, não
 Eu luto por justiça até o final
 Por todos inocentes atingidos
 Depois perguntam na cara de pau
 Porque que o menorzin virou bandido
 Enquanto essa porra não mudar
 O Estado vai ser recebido assim
 Com balas de AK
 O Águia vai cair
 Blindado vai enguiçar
 Favela vive em mim
 Deixa a porta aberta pra que a preta entre
 Educada, abençoada ainda lá no ventre
 Da minha mãe Dona Cristina
 Me deu autoestima, consagrou minha sina
 Ensinamento dela na minha vida é como vitamina
 Pra combater e virar uma vencedora
 Me tornei uma boa aluna porque tive boa professora
 Na escola da vida, na escola da rua
 Favela que vive, favela que chora e a luta continua
 Sou mulher e me mantive no fronte
 Nunca tive no topo, mas sempre tive no monte
 (Que é lá no morro) onde o bicho pega, onde o coro come
 Sou raiz, comunidade, trago favela no nome (CDD)
 Deixo marcas profundas do meu histórico
 Contos cabulosos que ninguém ficou eufórico
 A droga destruiu algumas das minhas amigas
 Causando na família perdas com várias feridas
 Eu vi viciado sendo cobrado
 Levando tiro na mão, a mãe chorando do lado
 Fazendo um pedido pra não matarem o filho que virou bandido
 Consequências previsíveis de escolhas erradas
 Não dá pra ser do bem, do caminho do mal
 Dessa forma várias histórias foram encerradas
 Roteiro de um filme que eu sei o final
 Protagonista invisíveis, narrativas contadas
 Sou narradora, minha própria gestora, orgulho de ser mãe
 Dei luz a uma filha bonita que hoje na vida me compõe
 Tô ensinando e aprendendo
 Percalços e vitórias, mas a gente sempre tá desenvolvendo
 Eu e minha pequena redesenhando a cena
 Corações unidos pra fugir de um velho problema
 Causados por pessoas que eu não idolatro
 Kmila CDD, Favela Vive número quatro
 Ontem eu sonhei que todos se uniram
 Só pra deixar o sistema fudido
 Pantanal em chamas, fuderam com os índios
 Os irmão levam tiros, animais extintos
 Rastro de mortes, lágrimas e gritos
 Favela chorando e a mídia sorrindo
 Ontem eu sonhei que todos se uniram
 Só pra deixar o sistema fudido
 Sou a prova que a favela venceu
 Sou o contrário do que querem pra mim
 Eu pergunto e as favelas respondem
 Fé em Deus, não nos homens
 Pelo bem da família e dos irmãos
 Pra não ver nosso sangue pelo chão
 Em dia de baile ou de operação
 Fé em Deus, não nos homens
 Orochi, mais um preto no topo
 A favela venceu de novo e eles fingiram que não viram
 Y'all, cê não tá entre nóis
 Porque sua máscara caiu bem antes do coronavírus
 Humildade prevalece à la Didico
 Sinta o poder bélico, welcome tô Rio
 Nessas linhas eu pratico terrorismo
 Comendo o coração de um racista vivo
 Levantei minha cidade e tirei uns manos do crime
 Pago qualquer fiança, um contrato da Mainstreet
 Levando a cultura do playboy ao desfavorecido
 Com a cara na capa de revista e na maconha do Rio, yeah
 Sou a prova que a favela venceu
 Sou o contrário do que querem pra mim
 Eu pergunto e as favelas respondem
 Fé em Deus, não nos homens (ah)
 Pelo bem da família e dos irmãos
 Pra não ver nosso sangue pelo chão
 Em dia de baile ou de operação
 Fé em Deus, não nos homens
 Eles são covarde, ó como eles agem
 Querendo invadir minha comunidade
 Por isso, meu mano, eu já tô cansado de ouvir papagaionagem
 Quem nasce em meio ao massacre
 Tem o ódio de amostra grátis
 Que minha vida não é um TikTok
 Minha vida é um tic-tac, ó
 Eu relaxando em pleno dia de domingo
 E no churrasco um racista queimando vivo
 Tá parecendo até filme do Tarantino
 Sua viúva chorando é música pros meus ouvidos
 Quer matar um favelado antes que ele fique rico?
 Quanto mais nós é falado, mais eles ficam falido
 Agradece se tu pode chegar em casa hoje vivo
 Porque tu é sobrevivente de um plano de extermínio
 Minha caneta é uma AK, tá sempre pronta pra atirar
 Eu odeio tanto a direita quanto a esquerda caviar
 Dizem que tu tem o direito ainda de optar
 Pelos que não se importa com nóis e os que fingem se importar
 Vocês odeiam concorrência, não tiveram coerência
 Me ensinou o latrocínio e como invadir residência
 500 ano que os branco tão na porra do Brasil
 Dando um curso intensivo de como agir com violência
 Pelas minhas filha, minha família, que eu vivo na correria
 Pra quando eu olhar pro prato, não faltar um feijão com arroz
 Eu tô disposto no meu posto pra matar o leão de hoje
 Se ele fica pra depois, amanhã ele já vira dois
 Tu lembra do Favela 3? Confundiram Marcos Vinícius
 Agora no Favela 4 foi Ágatha e João Pedro
 Dá medo ver que o herói desses burgueses brasileiro
 É um policial na hora vaga que trabalha de blogueiro
 Vocês já se esqueceram? Rennan da Penha foi preso
 Racismo nunca é do gueto, merma' história, mermo' enredo
 Na rave tu vê os playboy também se drogando à vontade
 Mas os DJ daquela porra não são favelado e preto
 Só quem é cria do morrão vai entender essa visão
 Porque os beco te ensina a ser homem desde cedo
 Não é bom botar a mão naquilo que é do teu irmão
 Pra não cair na situação de tu perder todo teus dedos
 Hmm, yeah
 É som de preto, yeah, yeah, ahn
 É som de preto, de favelado
 E quando toca, ninguém fica parado
 É som de preto, de favelado
 Mas quando toca, o branco lucra e nóis que sai algemado
 Vidas pretas importam!
 Tem quem reclame dessa frase
 Enquanto balas nos invadem e os joelhos nos sufocam
 Ei, nunca ligaram pra essa causa
 É hashtag TelaPreta pra fingir que nos suportam
 A cada 23 minuto morre um jovem negro, mais um negro drama
 Tipo o João Pedro, ei
 Mas por aqui, a dor só gera comoção
 Quando a manchete é americana
 Quantos George Floyd morreram no anonimato?
 Aí que eu me pergunto
 Se os TelaPreta se comoveram
 Por que nunca tocaram no assunto?
 Ainda que eu morra, eu vou denunciar
 Até meu último suspiro por aqueles que não podem respirar
 Tipo o filho da empregada que é morto pela patroa
 A mídia abafa, o tempo voa e uma vida não se paga
 Nesse país, a nossa dor não vale nada
 Pensa se a patroa perde o filho e a culpa é da empregada?
 O Brasil para!
 Cena caótica
 País onde a polícia é especialista em manipulação de autópsia
 A idolatria é cega e a tragédia é óbvia
 E o presidente da família só pensa na própria
 Vida de pobre foi cobaia pra salvar a economia
 Tem sangue no Excel que enriquece a burguesia
 A fome não foi pra pauta, somente a mão de obra
 Não ligam pra nossa falta, protegem a própria sobra
 É que a direita me quer na mira da Colt
 Enquanto o branco esquerdo-cult controla as minhas narrativas
 Revolucionário que nunca pisou no gueto
 É literatura branca me ensinando a ser preto
 Guarde suas caixinhas, não me perturbe
 Política perde o sentido quando a guerra é de fã clube
 Me desculpe se não gostou dessa
 Aguarde o próximo episódio e dai a Cesar o que é de Cesar
 Favela vive, favela morre, ninguém se envolve
 Não desenvolve, de quem é o revólver?
 Das nove à nove, socorre!
 Ideias tristes que num beat se dissolvem
 E te comove
 Estamos todos na batida, os mano e as mina, e ainda é pouco
 Nóis é os louco, nóis é o troco
 Mesma moeda suja de sangue que o vírus contamina
 Quantos morreram
 E quantos vão morrer bem antes de encontrar a vacina?
 Em cada esquina, em cada poste, em cada porta
 Em cada telha de Eternit, click, em cada lajota
 Em cada torneira faltando água pra lavar as mãos
 Em cada pólvora e bala nessa direção
 Lá vem o Caveirão, diabo que mandou
 Crianças nesse tapetão, na TV a mãe chorou
 Se existe alguém, quem que vem para nos salvar?
 Deus num guenta mais, tá difícil de contra-atacar
 Plá, plá, plá, plá, vai pro chão e reza forte
 Reza porque não é igual no filme, onde o crime é trote
 Aqui é a morte, milícia e BOPE, azar e sorte
 Em cada lote uma família, a trilha aqui tá sempre forte
 Contra doença, contra sentença, contra violência
 A conta não enche se é contra a demência, contra essa falência
 Em cada quintal, que bem ou mal, em cada qual uma crença
 Racistas fardados matam mais com mais uma licença
 Vive, favela morre, ninguém se envolve
 Não desenvolve, de quem é o revólver?
 Das nove à nove, socorre!
 Ideias tristes que num beat se dissolvem
 E te comove
 Favela vive, favela morre, ninguém se envolve
 Não desenvolve, de quem é o revólver?
 Das nove às nove, socorre!
 Ideias tristes que num beat se dissolvem
 E te comove
 
 L-O-R-D, favela vive
 Pra começar com todo o amor do mundo
 Hoje eu acordei no puro ódio
 Muita fé pros cria, pá, e aí, visão
 São vários no crime, eram pra estar no pódio
 Gatilho, várias mãe aqui ficou sem filho
 Tentando sair do mais baixo andar do poço
 Pra nóis deram 600 reais de auxílio
 Bala na cabeça ou joelho no pescoço
 Quantos aqui recorre a isso?
 Portando Glockada, boca de fumo é serviço
 Sem pedir esmola que eu nunca vi lucro nisso
 Nóis pede comida e eles querem julgar nisso
 14 anos, preta é a cor da sua pele
 Some da sua casa, aparece no IML
 Nesse momento, eu ouço uma voz me dizendo
 Foi fulano, foi beltrano, mas podia ser Guilherme
 Pro favelado sobra isso
 E pela família é que se ignora o vírus
 Sem o privilégio do safado que dá o papo no polícia
 Que ele é macho na favela e bosta no Alphaville
 Você me pergunta: De onde vem tanta raiva?
 É do descaso da patroa com o filho da empregada
 Tratamento diferenciado e liberado
 Aí o preço pago é 20.000 na vida favelada
 Os que comemora a morte, esses cara é sinistro
 Chora se o bonde abateu o helicóptero
 Burguês safado que nunca se misturou
 Nasce rico e acha que alguém inveja sua cor
 Nove jovens mortos num baile em Paraisópolis
 Pobre não tem nem direito de ser feliz
 Tu não é um cara igual meu mano Rogério Soares
 Tu nem reconhece mais as próprias cicatriz
 Mas nóis palmeia tudo daqui
 Acende o balão, pé no chão, bem plantado aqui
 São tantas covardia que eu nem me surpreendi
 Se pra nossas doenças sempre disseram: E daí?
 E quando acabar essa canetada
 A bala vai comer, alguém aqui vai sorrir, alguém aqui vai chorar
 E gritar: Favela Vive
 Ou: Eu não consigo respirar
 Eu ouço tiros e 12 por um, sirenes e latidos de cachorro
 Deus, nunca vi finalidade dessa guerra burra que rola no morro
 A nossa revolta você só vai entender
 Quando uma bala perdida simplesmente achar você
 Me perguntaram um dia o quê que eu acho da UPP
 A maior covardia que o governo foi fazer
 Só me diz pra quê? Melhorou o quê?
 Mudou o quê? Quero saber
 Tem alguém aê pra me responder? Será que ninguém vê?
 Pelo amor de Deus, mais quantos vão morrer?
 E minha filha, criança ainda
 Traumatizada, acordou chorando e veio correndo pros meus braço
 Playboy não sabe o quê que é um tiro de fuzil na hora da troca
 Atravessando a janela do seu quarto
 O povo aqui em cima pede socorro
 Indignado quando a bala come
 Eles têm grana pra guerra no morro
 Mas nunca consegue acabar com a fome, não
 Eu luto por justiça até o final
 Por todos inocentes atingidos
 Depois perguntam na cara de pau
 Porque que o menorzin virou bandido
 Enquanto essa porra não mudar
 O Estado vai ser recebido assim
 Com balas de AK
 O Águia vai cair
 Blindado vai enguiçar
 Favela vive em mim
 Deixa a porta aberta pra que a preta entre
 Educada, abençoada ainda lá no ventre
 Da minha mãe Dona Cristina
 Me deu autoestima, consagrou minha sina
 Ensinamento dela na minha vida é como vitamina
 Pra combater e virar uma vencedora
 Me tornei uma boa aluna porque tive boa professora
 Na escola da vida, na escola da rua
 Favela que vive, favela que chora e a luta continua
 Sou mulher e me mantive no fronte
 Nunca tive no topo, mas sempre tive no monte
 (Que é lá no morro) onde o bicho pega, onde o coro come
 Sou raiz, comunidade, trago favela no nome (CDD)
 Deixo marcas profundas do meu histórico
 Contos cabulosos que ninguém ficou eufórico
 A droga destruiu algumas das minhas amigas
 Causando na família perdas com várias feridas
 Eu vi viciado sendo cobrado
 Levando tiro na mão, a mãe chorando do lado
 Fazendo um pedido pra não matarem o filho que virou bandido
 Consequências previsíveis de escolhas erradas
 Não dá pra ser do bem, do caminho do mal
 Dessa forma várias histórias foram encerradas
 Roteiro de um filme que eu sei o final
 Protagonista invisíveis, narrativas contadas
 Sou narradora, minha própria gestora, orgulho de ser mãe
 Dei luz a uma filha bonita que hoje na vida me compõe
 Tô ensinando e aprendendo
 Percalços e vitórias, mas a gente sempre tá desenvolvendo
 Eu e minha pequena redesenhando a cena
 Corações unidos pra fugir de um velho problema
 Causados por pessoas que eu não idolatro
 Kmila CDD, Favela Vive número quatro
 Ontem eu sonhei que todos se uniram
 Só pra deixar o sistema fudido
 Pantanal em chamas, fuderam com os índios
 Os irmão levam tiros, animais extintos
 Rastro de mortes, lágrimas e gritos
 Favela chorando e a mídia sorrindo
 Ontem eu sonhei que todos se uniram
 Só pra deixar o sistema fudido
 Sou a prova que a favela venceu
 Sou o contrário do que querem pra mim
 Eu pergunto e as favelas respondem
 Fé em Deus, não nos homens
 Pelo bem da família e dos irmãos
 Pra não ver nosso sangue pelo chão
 Em dia de baile ou de operação
 Fé em Deus, não nos homens
 Orochi, mais um preto no topo
 A favela venceu de novo e eles fingiram que não viram
 Y'all, cê não tá entre nóis
 Porque sua máscara caiu bem antes do coronavírus
 Humildade prevalece à la Didico
 Sinta o poder bélico, welcome tô Rio
 Nessas linhas eu pratico terrorismo
 Comendo o coração de um racista vivo
 Levantei minha cidade e tirei uns manos do crime
 Pago qualquer fiança, um contrato da Mainstreet
 Levando a cultura do playboy ao desfavorecido
 Com a cara na capa de revista e na maconha do Rio, yeah
 Sou a prova que a favela venceu
 Sou o contrário do que querem pra mim
 Eu pergunto e as favelas respondem
 Fé em Deus, não nos homens (ah)
 Pelo bem da família e dos irmãos
 Pra não ver nosso sangue pelo chão
 Em dia de baile ou de operação
 Fé em Deus, não nos homens
 Eles são covarde, ó como eles agem
 Querendo invadir minha comunidade
 Por isso, meu mano, eu já tô cansado de ouvir papagaionagem
 Quem nasce em meio ao massacre
 Tem o ódio de amostra grátis
 Que minha vida não é um TikTok
 Minha vida é um tic-tac, ó
 Eu relaxando em pleno dia de domingo
 E no churrasco um racista queimando vivo
 Tá parecendo até filme do Tarantino
 Sua viúva chorando é música pros meus ouvidos
 Quer matar um favelado antes que ele fique rico?
 Quanto mais nós é falado, mais eles ficam falido
 Agradece se tu pode chegar em casa hoje vivo
 Porque tu é sobrevivente de um plano de extermínio
 Minha caneta é uma AK, tá sempre pronta pra atirar
 Eu odeio tanto a direita quanto a esquerda caviar
 Dizem que tu tem o direito ainda de optar
 Pelos que não se importa com nóis e os que fingem se importar
 Vocês odeiam concorrência, não tiveram coerência
 Me ensinou o latrocínio e como invadir residência
 500 ano que os branco tão na porra do Brasil
 Dando um curso intensivo de como agir com violência
 Pelas minhas filha, minha família, que eu vivo na correria
 Pra quando eu olhar pro prato, não faltar um feijão com arroz
 Eu tô disposto no meu posto pra matar o leão de hoje
 Se ele fica pra depois, amanhã ele já vira dois
 Tu lembra do Favela 3? Confundiram Marcos Vinícius
 Agora no Favela 4 foi Ágatha e João Pedro
 Dá medo ver que o herói desses burgueses brasileiro
 É um policial na hora vaga que trabalha de blogueiro
 Vocês já se esqueceram? Rennan da Penha foi preso
 Racismo nunca é do gueto, merma' história, mermo' enredo
 Na rave tu vê os playboy também se drogando à vontade
 Mas os DJ daquela porra não são favelado e preto
 Só quem é cria do morrão vai entender essa visão
 Porque os beco te ensina a ser homem desde cedo
 Não é bom botar a mão naquilo que é do teu irmão
 Pra não cair na situação de tu perder todo teus dedos
 Hmm, yeah
 É som de preto, yeah, yeah, ahn
 É som de preto, de favelado
 E quando toca, ninguém fica parado
 É som de preto, de favelado
 Mas quando toca, o branco lucra e nóis que sai algemado
 Vidas pretas importam!
 Tem quem reclame dessa frase
 Enquanto balas nos invadem e os joelhos nos sufocam
 Ei, nunca ligaram pra essa causa
 É hashtag TelaPreta pra fingir que nos suportam
 A cada 23 minuto morre um jovem negro, mais um negro drama
 Tipo o João Pedro, ei
 Mas por aqui, a dor só gera comoção
 Quando a manchete é americana
 Quantos George Floyd morreram no anonimato?
 Aí que eu me pergunto
 Se os TelaPreta se comoveram
 Por que nunca tocaram no assunto?
 Ainda que eu morra, eu vou denunciar
 Até meu último suspiro por aqueles que não podem respirar
 Tipo o filho da empregada que é morto pela patroa
 A mídia abafa, o tempo voa e uma vida não se paga
 Nesse país, a nossa dor não vale nada
 Pensa se a patroa perde o filho e a culpa é da empregada?
 O Brasil para!
 Cena caótica
 País onde a polícia é especialista em manipulação de autópsia
 A idolatria é cega e a tragédia é óbvia
 E o presidente da família só pensa na própria
 Vida de pobre foi cobaia pra salvar a economia
 Tem sangue no Excel que enriquece a burguesia
 A fome não foi pra pauta, somente a mão de obra
 Não ligam pra nossa falta, protegem a própria sobra
 É que a direita me quer na mira da Colt
 Enquanto o branco esquerdo-cult controla as minhas narrativas
 Revolucionário que nunca pisou no gueto
 É literatura branca me ensinando a ser preto
 Guarde suas caixinhas, não me perturbe
 Política perde o sentido quando a guerra é de fã clube
 Me desculpe se não gostou dessa
 Aguarde o próximo episódio e dai a Cesar o que é de Cesar
 Favela vive, favela morre, ninguém se envolve
 Não desenvolve, de quem é o revólver?
 Das nove à nove, socorre!
 Ideias tristes que num beat se dissolvem
 E te comove
 Estamos todos na batida, os mano e as mina, e ainda é pouco
 Nóis é os louco, nóis é o troco
 Mesma moeda suja de sangue que o vírus contamina
 Quantos morreram
 E quantos vão morrer bem antes de encontrar a vacina?
 Em cada esquina, em cada poste, em cada porta
 Em cada telha de Eternit, click, em cada lajota
 Em cada torneira faltando água pra lavar as mãos
 Em cada pólvora e bala nessa direção
 Lá vem o Caveirão, diabo que mandou
 Crianças nesse tapetão, na TV a mãe chorou
 Se existe alguém, quem que vem para nos salvar?
 Deus num guenta mais, tá difícil de contra-atacar
 Plá, plá, plá, plá, vai pro chão e reza forte
 Reza porque não é igual no filme, onde o crime é trote
 Aqui é a morte, milícia e BOPE, azar e sorte
 Em cada lote uma família, a trilha aqui tá sempre forte
 Contra doença, contra sentença, contra violência
 A conta não enche se é contra a demência, contra essa falência
 Em cada quintal, que bem ou mal, em cada qual uma crença
 Racistas fardados matam mais com mais uma licença
 Vive, favela morre, ninguém se envolve
 Não desenvolve, de quem é o revólver?
 Das nove à nove, socorre!
 Ideias tristes que num beat se dissolvem
 E te comove
 Favela vive, favela morre, ninguém se envolve
 Não desenvolve, de quem é o revólver?
 Das nove às nove, socorre!
 Ideias tristes que num beat se dissolvem
 E te comove
 

Audio Features

Song Details

Duration
12:39
Key
8
Tempo
76 BPM

Share

More Songs by ADL

Albums by ADL

Similar Songs