Negro Drama - Ao Vivo

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Lyrics

Negro drama! Entre o sucesso e a lama
 Dinheiro, problemas, invejas, luxo, fama
 Negro drama! Cabelo crespo e a pele escura
 A ferida, a chaga, à procura da cura
 Negro drama! Tenta ver e não vê nada
 A não ser uma estrela assim, longe, meio ofuscada
 Sente o drama, o preço, a cobrança
 No amor, no ódio, a insana vingança
 Negro drama! Eu sei quem trama e quem tá comigo
 O trauma que eu carrego pra não ser mais um preto fudido
 O drama da cadeia e favela
 Túmulo, sangue, sirene, choros e velas
 Passageiro do Brasil, São Paulo, agonia
 Que sobrevivem em meio às honras e covardias
 Periferias, vielas, cortiços
 Você deve tá pensando: o que você tem a ver com isso?
 Desde o início por ouro e prata
 Olha quem morre, então veja você quem mata
 Recebe o mérito, a farda que pratica o mal
 Ver o pobre, preso ou morto já é cultural
 Histórias, registros e escritos
 Não é conto, nem fábula, lenda ou mito
 Não foi sempre dito que preto não tem vez?
 Então, olha o castelo e não foi você quem fez, cuzão
 Eu sou irmão dos meus truta de batalha
 Eu era a carne agora sou a própria navalha
 Tim-tim, um brinde pra mim
 Sou exemplo de vitórias, trajetos e glórias
 O dinheiro tira um homem da miséria
 Mas não pode arrancar de dentro dele a favela
 São poucos que entram em campo pra vencer
 A alma guarda o que a mente tenta esquecer
 Olho pra trás, vejo a estrada que eu trilhei, mó cota
 Quem teve lado a lado e quem só ficou na bota
 Entre as frases, fases e várias etapas
 Do quem é quem, dos mano e das mina fraca
 Hum, negro drama de estilo
 Pra ser, se for tem que ser, se temer é milho
 Entre o gatilho e a tempestade
 Sempre a provar que sou homem e não um covarde
 Que Deus me guarde, pois eu sei que ele não é neutro
 Vigia os rico, mas ama os que vem do gueto
 Eu visto preto por dentro e por fora
 Guerreiro, poeta, entre o tempo e a memória
 Ora, nessa história vejo dólar e vários quilates
 Falo pro mano que não morra e também não mate
 O tic-tac não espera, veja o ponteiro
 Essa estrada é venenosa e cheia de morteiro
 Pesadelo é um elogio
 Pra quem vive na guerra, a paz nunca existiu
 Num clima quente, a minha gente sua frio
 Vi um pretinho, seu caderno era um fuzil
 É rapaz, negro drama
 Negro drama, negro drama
 Ó, negro drama, ó só quanto negro drama reunido na zona leste
 Nessa tarde, noite, de domingo, ó só
 Essa é pra você, porque, essa é pra você
 Essa é pra você, porque, essa é pra você
 Essa é pra você descendente de escravo
 Que não teve direito a indenização, olha só
 Daria um filme, uma negra e uma criança nos braços
 Solitária na floresta de concreto e aço
 Veja, olha outra vez o rosto na multidão
 A multidão é um monstro sem rosto e coração
 Hei, São Paulo, terra de arranha-céu
 A garoa rasga a carne, é a Torre de Babel
 Família brasileira, dois contra o mundo
 Mãe solteira de um promissor vagabundo
 Luz, câmera e ação, gravando a cena vai
 Um bastardo, mais um filho pardo, sem pai
 Hei, senhor de engenho, eu sei bem quem você é
 Sozinho cê num guenta, sozinho cê num entra a pé
 Cê disse que era bom e as favela ouviu
 Lá também tem uísque, Red Bull, tênis Nike e fuzil
 Admito, seus carro é bonito, é, e eu não sei fazer
 Internet, videocassete, os carro loco
 Atrasado, eu tô um pouco sim, tô, eu acho
 Só que tem que, seu jogo é sujo e eu não me encaixo
 Eu sou problema de montão, de Carnaval a Carnaval
 Eu vim da selva, sou leão, sou demais pro seu quintal
 Problema com escola, eu tenho mil, mil fita
 Inacreditável, mas seu filho me imita
 No meio de vocês ele é o mais esperto
 Ginga e fala gíria; gíria não, dialeto
 Esse não é mais seu, oh, subiu
 Entrei pelo seu rádio, tomei, cê nem viu
 Nóis é isso ou aquilo, o quê? Cê não dizia?
 Seu filho quer ser preto, ah, que ironia
 Cola o pôster do 2Pac aí, que tal? Que cê diz?
 Sente o negro drama, vai tenta ser feliz
 Ei bacana, quem te fez tão bom assim?
 O que cê deu, o que cê faz, o que cê fez por mim?
 Eu recebi seu ticket, quer dizer kit
 De esgoto a céu aberto e parede madeirite
 De vergonha eu não morri, to firmão, eis-me aqui
 Você, não, cê não passa quando o mar vermelho abrir
 Eu sou o mano, homem duro, do gueto, Brown, oba
 Aquele loco que não pode errar
 Aquele que você odeia amar nesse instante
 Pele parda e ouço funk e de onde vem os diamantes? Da lama
 Valeu mãe, negro drama (drama, drama)
 

Audio Features

Song Details

Duration
05:18
Key
10
Tempo
80 BPM

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