O Homem e a Espingarda

Eh he he pessoal
 Vou dizer pro cês agora a pura filosofia do cerrado
 É, e quem achar que tomo errdado que atira o primeiro tomate
 ♪
 Analisando direito
 Nossa vida é uma piada
 Só quem não tem bão humor
 Não acha a vida engraçada
 Por ter cabeça feia
 Não andar fazendo nada
 Qu'eu fiz a comparação
 Do homem com a espingarda
 Em compade pensando bem
 A vida da gente é mesmo que ver uma espingarda
 É mema coisa compade
 No princípio a gente da tiro
 É verdade
 Atirar é muito bão (bão)
 Vai tirando vida a fora (é) mais lá por fim o tem lenca
 Eh, mais quando tá ficando bão lenca compade
 ♪
 Dos vinte até os trinta
 Nossa vida é muito boa
 A espingarda anda armada
 E o atirador caçoa
 Sortimento tá sobrando
 Muitas veiz atira à toa
 É só triscar no gatilho
 Que a língua de fogo avoa
 Eh, compade não trêm bão quando espingarda tá novinha né só
 Nossa senhora compade nesse tempo cê atira em qualquer trêm (é)
 Morcego que passa voando, coruja
 É barboleta né compade
 Não tem hora que gente nem ver o arvo compade
 Atira assim memo,só pa ver a fumaça suspender
 É verdade
 Isso como diria nosso irmão Garvãozinho, fim de mundo
 Dos trinta até os quarenta
 Pode prestar atenção
 O atirador tem cuidado
 Arma é de estimação
 Não atira em qualquer bicho
 Nem joga chumbo no chão
 Só atira em caça boa
 Pra não perder munição
 Caboclo trecheiro não esperdice chumbo compade
 Só atira em bicho que presta, trêm do lombão bonito
 É verdade
 Espingarda veia né, mola fraca, porva pouca, chumbo só uns carocinhos
 Tem que escolher o bicho e não pode errar não
 É e caprichar no tiro mermo
 E dos quarenta aos sessenta
 Arma tem que ser tratada
 Atira uma vez ou outra
 Se for bem lubrificada
 Por cada tiro ela passa
 Um tempão dependurada
 Dá um tiro e fáia dez
 A mola tá relaxada
 Deus me livre compade
 É um fragelo compade cê aponta um tiro não sai
 Torna apontar o trêm lenca (eh)
 O cê infesa apruma a espingarda fala agora eu mato mes
 É a hora que arvo perdeu a paciência cascou fora
 Sô fica lá ca aquele espingardão (eh)
 E dos sessenta em diante
 Danou com os arrei' pro mato
 Arma não atira mais
 E se atirar é boato
 Espingarda enferrujada
 Só aponta pro sapato
 Virou peça de museu
 Esse mundo é mesmo ingrato
 Coitado em gente
 Espingarda de veio só serve pra matar cobra compade
 Sapo, algum bisorro rola- bosta que tiver no chão
 Que parriba não atira não
 É verdade compade é um tal de gastar botina que não tem jeito
 Uai falano nisso senhor parece que tá com uma novinha
 Não a minha é veinha sô
 Depois desta triste fase
 Só piora todo dia
 Óia a arma tem na parede
 Só ferrugem e maresia
 Quem deu tiro e matou onça
 Já nem assusta cotia
 Nunca mais irá caçar
 Lá no capão da furquia
 Eh, marvado